O Serviço de Mudanças Climáticas (C3S, na sigla em inglês) do Copernicus, observatório climático europeu disse é “praticamente certo” que o Brasil viveu o outubro mais quente dos últimos 125 mil anos. A onda de calor que cozinha o país também trouxe impactos para Santa Catarina.
Segundo Felipe Theodorovitz, meteorologista-chefe, Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, todo o mundo tem sofrido com os impactos no aumento das temperaturas, e o Estado não teria como ficar de fora.
O meteorologista explica que o calorão é resultado, principalmente, dos impactos do fenômeno El Niño.
“Os impactos do El Niño aqui para Santa Catarina são sentidos principalmente nestes meses de primavera, resultando em chuvas mais frequentes e intensas. Foi justamente o que foi observado em outubro”, explica o meteorologista.
Theodorovitz explica que outubro já é caracterizado por ser um dos meses mais chuvosos do ano, e ainda assim, todo o estado as chuvas forram acima do normal.
O ano mais quente
De acordo com o Serviço de Mudanças climáticas, a temperatura média do ar em todo o mundo para o mês de outubro foi de 1,7°C mais quente do que a média para o mês no período pré-industrial (1850-1900).
O estudo mostra que o verão de 2023 quebrou recordes de temperatura globalmente por uma ampla margem e essas temperaturas recordes continuaram até setembro , colocando 2023 no caminho para ser o ano mais quente de todos os tempos.
Na Europa, que está a aquecer mais rapidamente do que a média global, a situação é ainda pior – as temperaturas de Setembro foram 2,51°C superiores à média de 1991-2020.
Anomalia da temperatura da superfície do mar (°C) referente a julho de 2023, relativamente ao período de referência 1991-2020 – Foto: Reprodução/Copernicus.eu/nd
Zachary Labe, cientista climático da Universidade de Princeton, disse que ficou surpreso com a persistência das grandes mudanças climáticas.
“Como cientista do clima, estou habituado a dizer que este mês é um novo recorde, mas o aumento em comparação com qualquer recorde anterior é o que é realmente surpreendente e é isso que estamos todos a tentar desembaraçar para descobrir quais as causas. são”, disse ele.
O estudo aponta ainda que desde janeiro, a temperatura média do planeta é a mais quente já registrada para os primeiros dez meses do ano, ficando 1,43°C acima da média no período 1850-1900, segundo o Copernicus.
Silvia Silva da Costa Botelho, vice-diretora do Centro de Ciências Computacionais C3, disse que está preocupada com o que está por vir.
“Isso me deixa nervosa com o que está por vir. Quando combinamos todos os dados, os registos globais da temperatura do ar, os registos globais da temperatura da superfície do mar, os registos globais do gelo marinho, todas estas indicações juntas mostram-nos realmente que o nosso clima está a mudar a um ritmo muito rápido e que temos de nos adaptar ao clima que enfrentamos agora”, finaliza.
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