Uma embarcação pegou fogo na Barra Sul, em Balneário Camboriú (SC), na tarde do último sábado, dia 6, por volta das 15h30min. A bordo, nove pessoas: o piloto e oito que contrataram o serviço, uma família da cidade gaúcha de Erechim.
Presente do filho
O empresário Carlos Borba, sua esposa, três filhos, duas noras e uma amiga estavam curtindo o último dia férias no litoral. O filho que mora em Balneário Camboriú, presentou a família com um passeio de barco, pelas belezas naturais do local. O embarque marcado para às 9 horas e o retorno às 17.
A esposa não queria ir e a sogra desistiu
A esposa de Carlos não queria ir, pois não sabe nadar e não gosta do balançar do mar, mas foi pelos filhos que insistiram. Sua sogra de 76 anos, também era para estar no barco, mas decidiu ficar. E no lugar dela, a amiga de uma de suas noras.
Cheiro de fumaça
Na metade da tarde, resolveram abreviar o passeio e retornar mais cedo. Quando estavam retornando, já na Barra Sul, sentiram cheiro de fumaça. Perguntaram para o piloto, e ele disse que era normal, pois o barco é a óleo diesel. Mas o cheiro começou a ficar mais forte.
Três não sabiam nadar
Resolveram abrir a porta que dá acesso à parte inferior do barco, quando viram chamas e muita fumaça, causada por um problema elétrico. Os coletes estavam nesse compartimento, sem acesso, o que tornou o momento mais dramático para a família, pois além da esposa do empresário, as duas noras também não sabiam nadar. Rapidamente as chamas e a fumaça tomaram conta da embarcação.
“Não me deixe morrer. Não me deixe morrer”
O desespero tomou conta, e para piorar, o piloto foi o primeiro a pular na água. As pessoas começaram a gritar por ajuda, e o empresário Carlos buscava uma solução para salvar primeiro, as três pessoas que não sabiam nadar. E a esposa dizia: “não me deixe morrer, não me deixe morrer”.
“Eles foram nossos anjos”
Foi quando avistaram dois jet-skis: “Foram nossos anjos. Eles não queriam se aproximar com medo de uma explosão. E eu disse que tinha gente que não sabia nadar e não poderia pedir para saltarem na água. Foi quando um se aproximou, com o fogo já se alastrando próximo a nós, e conseguimos tirar as três do barco em segurança”, disse.
“Pai, vamos pular na água. Nós vamos morrer”
Nesse momento, com a esposa e as duas noras salvas, Carlos passou por um estado de choque: “eu paralisei, não sei por quanto tempo. Depois escutei meu filho gritar: ‘pai, vamos pular na água, nós vamos morrer’. Repetiu algumas vezes e eu voltei ao normal. Foi quando se jogamos no mar. E tivemos que nadar rápido para sair de perto do barco, que já estava complemente tomado pelo fogo”.
“Estava esgotado, fisicamente e mentalmente”
Não sabe precisar por quanto tempo ficaram no mar: “Para nós parecia uma eternidade”, disse. O piloto de uma embarcação, que puxava uma banana boat, se dirigiu até o local e acabou resgatando os cinco que estavam no mar: “eu não conseguia subir, estava esgotado, fisicamente e mentalmente”, relata Carlos.
“Pensei que iria perder minha família”
“Foram momentos de pânico, pensei que iria perder toda a minha família. O que era para ser um dia de celebração juntos daquele que amamos, quase se transformou numa grande tragédia. Após, já em terra firme, se abraçamos todos, choramos, e juntos celebramos a vida. Uma experiência que nos fortalece e estaremos sempre, mais juntos do que nunca”.
Medidas de segurança
Carlos Borba, aliviado, após esse grande susto, relata que todos que forem andar num barco, exija e coloque o colete salva-vidas, pois tudo acontece muito rápido. E esse drama, que ele e sua família passaram, em momento algum foi exigido.